Sou simplesmente um peregrino que inicia a última etapa da sua peregrinação nesta terra”, afirmou Bento XVI momentos antes de deixar a Sé Vacante
Da Redação
Há um ano, o Papa Bento XVI deixava a Sé de Pedro Vacante e retirava-se para uma vida dedicada à oração e à reflexão. Após despedir-se dos membros da Casa Pontifícia, dos colaboradores mais próximos, Ratzinger deixou o Vaticano em direção a Castel Gandolfo, onde permaneceu por alguns meses até mudar-se para o convento Mater Ecclesiae, residência atual.
Com ritos desconhecidos pelos fiéis, uma vez que há 600 anos nenhum Papa renunciava, Bento XVI entregou o anel de pastor, trocou as vestes papais por um hábito branco e quebrou o selo papal.
O mundo se emocionou com o toque dos sinos no Vaticano que anunciavam exatamente às 20h (horário de Roma) que a Sé de Pedro estava vacante e a Igreja passava a ter um Papa emérito.
Momentos antes, ao se despedir da multidão que estava diante do Palácio Apostólico de Castel Gandolfo, de modo improvisado, o Papa alemão dirigiu breves palavras:
“Obrigado! Obrigado a todos vós!
Queridos amigos, sinto-me feliz por estar convosco, rodeado pela beleza da criação e pela vossa simpatia, que me faz muito bem. Obrigado pela vossa amizade, o vosso afeto! Sabeis que este meu dia é diferente dos anteriores. Já não sou Sumo Pontífice da Igreja Católica: até às oito horas da noite, ainda o sou; depois já não. Sou simplesmente um peregrino que inicia a última etapa da sua peregrinação nesta terra. Mas quero ainda, com o meu coração, o meu amor, com a minha oração, a minha reflexão, com todas as minhas forças interiores, trabalhar para o bem comum, o bem da Igreja e da humanidade. E sinto-me muito apoiado pela vossa simpatia. Unidos ao Senhor, vamos para diante a bem da Igreja e do mundo. Obrigado!
Agora, de todo o coração, dou-vos a minha Benção: “Abençoe-vos Deus todo-poderoso, Pai, Filho e Espírito Santo”.
Obrigado! Boa noite! Obrigado a todos vós!”
Após um ano de sua renúncia, o Papa emérito teve pouco aparições públicas, sendo a última delas, na Celebração do Consistório, no sábado, 22, na Basílica de São Pedro. Foi a primeira participação de Bento XVI em uma Celebração oficial.
Em uma carta enviada ao teólogo suíço Hans Küng, em janeiro passado, Ratzinger afirma que sua “única e última tarefa é sustentar com a oração o pontificado de Francisco”. O Próprio Papa Francisco, na entrevista durante o voo de retorno do Brasil em julho passado, destacou a sua amizade com Bento XVI.
“Há uma coisa que qualifica a minha relação com Bento: eu o amo muito. Sempre o amei. Para mim, ele é um homem de Deus, um homem humilde, um homem que reza. Fiquei tão feliz, quando ele foi eleito Papa. Mesmo quando renunciou, foi para mim um exemplo de grandeza!”, concluiu Francisco.