terça-feira, 28 de janeiro de 2014

A Igreja não vai adiante "apenas com as forças humanas", diz o Papa


O Papa menciona os sacerdotes que dão verdadeiro testemunho de santidade no silêncio: “Faz mais barulho uma árvore que cai, do que uma floresta que cresce”.
 

Ontem, durante sua Missa matutina na Casa Santa Marta, o Papa Francisco recordou a constituição divina do sacerdócio. Ele explicou que a Igreja não pode ser entendida simplesmente como uma organização humana: os sacerdotes não são chefes de "uma empresa", mas pessoas ungidas por Deus para levar a cabo a Sua obra de salvação.

"Os bispos não são eleitos apenas para levar avante uma organização, que se chama Igreja particular; são ungidos, eles têm a unção e o Espírito do Senhor está com eles. (...) O que faz a Igreja realmente, e o que dá unidade à Igreja, é a pessoa do bispo, em nome de Jesus Cristo, porque ele é ungido, não porque ele foi eleito pela maioria. Porque é ungido. É nesta unção que uma Igreja particular tem a sua força. E por participação também os sacerdotes são ungidos."

Justamente por essa interferência do sobrenatural na vida da Igreja, não é possível entender nem explicar "como a Igreja vai avante somente com as forças humanas". "Esta diocese vai avante porque tem um povo santo, tantas coisas, e também um ungido que a conduz, que a ajuda a crescer. Esta paróquia vai para frente porque há muitas organizações, tantas coisas, mas também tem um sacerdote, um ungido que a leva para frente", afirmou o Pontífice.

O Santo Padre também ofereceu um tributo aos sacerdotes que vivem a santidade no anonimato de suas paróquias e comunidades, a todos "os párocos do interior ou da cidade, que com a sua unção deram força ao povo, transmitiram a doutrina, deram os sacramentos, isto é a santidade":

"Mas, padre, eu li em um jornal que um bispo fez tal coisa, ou que um padre fez tal coisa. Oh sim, também eu li, mas, me diga, os jornais dão também notícias daquilo que fazem tantos sacerdotes, tantos padres em muitas paróquias da cidade ou do interior, que fazem tanta caridade, tanto trabalho para levar avante o seu povo? Isso, não! Isso não é notícia. É sempre assim: faz mais barulho uma árvore que cai, do que uma floresta que cresce. Hoje, pensando na unção de Davi, nos faz bem pensar em nossos bispos e nos nossos sacerdotes corajosos, santos, bons, fiéis, e rezar por eles. Graças a eles hoje nós estamos aqui."

Na mesma homilia, Francisco sublinhou que é a unção que dá aos sacerdotes a força "para viver ao serviço de um povo".

Foi ressaltando esse mesmo espírito de serviço que Sua Santidade endereçou uma carta aos prelados escolhidos para serem feitos cardeais no próximo Consistório. Em breves linhas, o Papa destacou que "o Cardinalato não significa uma promoção, uma honra ou uma decoração", mas "um serviço" que "exige que se alargue o olhar e se amplie o coração".

Ao final da correspondência, ele fez um pedido especial: "É por isso que te peço, por favor, que recebas esta designação com um coração simples e humilde. E, não obstante tu devas fazê-lo com júbilo e alegria, faz com que este sentimento permaneça distante de qualquer expressão de mundanidade, de qualquer festa alheia ao espírito evangélico de austeridade, sobriedade e pobreza"1.

Entre os bispos escolhidos para receber o barrete cardinalício está o arcebispo do Rio, Dom Orani Tempesta. O Consistório que criará outros 15 cardeais acontecerá no próximo dia 22 de fevereiro.



Por Equipe Christo Nihil Praeponere | Informações: Rádio Vaticano
 
 

Referências

  1. Papa Francisco, Carta aos novos purpurados que serão criados no Consistório de 22 de fevereiro, 12 de janeiro de 2014


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