domingo, 9 de fevereiro de 2014

Por que os protestantes não acreditam na santidade?





A antropologia protestante, diferentemente da católica, não crê que o homem possa ser santo. E isso se deve a uma discordância substancial nessas duas concepções. Esse confronto, por sua vez, pode ser resumido nas ideias de dois autores: Santa Teresa d’Ávila e Martinho Lutero, ambos do século 16. Em sua obra Castelo Interior , em que se apresenta ao leitor uma comparação da alma humana com um castelo ou, para usar uma expressão do livro, sete moradas, Santa Teresa afirma que, no centro do coração do homem - a sétima morada, por assim dizer -, habita a Santíssima Trindade, cujo brilho de sua luz só é encoberto pelo pecado. A fraqueza humana, escreve Santa Teresa, seria como que um véu a acobertar a grandeza da alma. Martinho Lutero, por outro lado, desenvolve um pensamento mais pessimista. No seu comentário à Carta de São Paulo aos Gálatas, ele descreve o homem como um pecador empedernido. A natureza humana, portanto, seria corrupta até o seu cerne, tendo a fé o papel de justificá-la perante Deus. Resta-nos, então, duas realidades extremamente opostas. A primeira considera o gênero humano como sendo bom e precioso aos olhos de Deus; já a segunda tem para si o homem como um ser ruim, em cuja fé encontra-se a única maneira de justificar-se diante de Deus.

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