sábado, 20 de dezembro de 2014

Mensagem de Natal: "A alegria do Céu que vem nos visitar"


Deus, em Sua felicidade infinita, vem chorar o choro do homem, para que ele, em seus gemidos, possa viver a alegria celeste.



No Natal, é comum que as pessoas se saúdem, desejando às outras um "Feliz Natal". Mas, qual o sentido dessa expressão?

Na verdade, tais votos fazem referência à felicidade do Céu que vem visitar a humanidade. São João da Cruz, em um poema sobre o mistério do Natal, escreve:

"Deus, porém, no presépio
Ali chorava e gemia;
(...)
E a Mãe se assombrava
Da troca que ali se via:
O pranto do homem em Deus,
E no homem a alegria"

Eis, nas palavras do Doutor Místico, o "admirabile commercium" de que falam os latinos: Deus, em Sua felicidade infinita, vem chorar o choro do homem, para que ele, em seus gemidos, possa viver a alegria celeste. Por isso, os anjos, desde o primeiro Natal, não cessam de anunciar aos homens "gaudium magnum – uma grande alegria": "Hoje, na cidade de Davi, nasceu para vós o Salvador, que é Cristo Senhor!" (Lc 2, 11). Nesta grande festa da Igreja, Deus Se inclina dos céus, como uma mãe que se inclina sobre um berço para resgatar o seu filho que, abandonado a si mesmo, estaria perdido. Inclina-Se para, como uma mãe, colocar o ser humano sob o seu regaço e dar-lhe a salvação.

Ao contemplar o presépio nesta noite, ao ver a Santíssima Virgem diante do indefeso e inerme menino Jesus, possamos enxergar aquilo que Deus fez por todos nós, quando, em Sua infinita misericórdia, veio arrancar-nos da condenação à morte e trazer-nos a alegria do Céu.

Neste tempo do Natal, não temos o direito de falar de solidão. Emanuel, Deus está conosco, Aquele que nos amou de forma perfeita está conosco. "Mesmo que eu passe pelo vale tenebroso, nenhum mal eu temerei; estais comigo com bastão e com cajado; eles me dão a segurança!" (Sl 22, 4). Por isso, somente por isso, o Natal pode ser feliz. Se esquecermos de Jesus, esta festa não será nada mais que um evento social. Mas, se estivermos com Ele, podemos dizer, de coração e de verdade: Um Feliz e Santo Natal!


quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Nossa Senhora do Ó - Festa católica de origem espanhola


Nossa Senhora do Ó

Festa católica de origem claramente espanhola, a festa de hoje é conhecida na liturgia com o nome de “Expectação do parto de Nossa Senhora”, e entre o povo com o título de “Nossa Senhora do Ó”. Os dois nomes têm o mesmo significado e objetivo: os anelos santos da Mãe de Deus por ver o seu Filho nascido. Anelos de milhares e milhares de gerações que suspiraram pela vinda do Salvador do mundo, desde Adão e Eva, e que se recolhem e concentram no Coração de Maria, como no mais puro e limpo dos espelhos. A Expectação (expectativa) do parto não é simplesmente a ansiedade, natural na mãe jovem que espera o seu primogênito; é o desejo inspirado e sobrenatural da “bendita entre as mulheres”, que foi escolhida para Mãe Virgem do Redentor dos homens, para corredentora da humanidade. Ao esperar o seu Filho, Nossa Senhora ultrapassa os ímpetos afetivos de uma mãe comum e eleva-se ao plano universal da Economia Divina da Salvação do mundo.

As antífonas maiores que põe a Igreja nos lábios dos seus sacerdotes desde hoje até a Véspera do Natal e começam sempre pela interjeição exclamativa Ó (“Ó Sabedoria… vinde ensinar-nos o caminho da salvação”; “Ó rebento da Raiz de Jessé… vinde libertar-nos, não tardeis mais”; “Ó Emanuel…, vinde salvar-nos, Senhor nosso Deus”), como expoente altíssimo do fervor e ardentes desejos da Igreja, que suspira pela vinda de Jesus, inspiraram ao povo espanhol a formosa invocação de “Nossa Senhora do Ó”. É ideia grande e inspirada: a Mãe de Deus, posta à frente da imensa caravana da humanidade, peregrina pelo deserto da vida, que levanta os braços suplicantes e abre o coração enternecido, para pedir ao céu que lhe envie o Justo, o Redentor.

A festa de Nossa Senhora do Ó foi instituída no século VI pelo décimo Concílio de Toledo, ilustre na História da Igreja pela dolorosa, humilde, edificante e pública confissão de Potâmio, Bispo bracarense, pela leitura do testamento de São Martinho de Dume e pela presença simultânea de três santos de origem espanhola: Santo Eugênio III de Toledo, São Frutuoso de Braga e o então abade agaliense Santo Ildefonso.

Primeiro comemorava-se hoje a Anunciação de Nossa Senhora e Encarnação do Verbo. Santo Ildefonso estabeleceu-a definitivamente e deu-lhe o título de “Expectação do parto”. Assim ficou sendo na Hispânia e passou a muitas Igrejas da França, etc. Ainda hoje é celebrada na Arquidiocese de Braga.

Nossa Senhora do Ó, rogai por nós!
 


quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Não é vergonhoso ser católico na universidade


​Não há por que se envergonhar de Cristo. Estar ao lado de Deus é estar ao lado da verdadeira razão.
 
 
A vida acadêmica impõe sérios desafios aos jovens, mormente àqueles que desejam viver de acordo com os preceitos de sua fé. A estrutura universitária atual é montada para inibir a religião. Isso se mostra ainda mais flagrante quando se está a pensar no cristianismo. De fato, o posicionamento cristão — em especial o católico — dentro de uma universidade é quase como que um suicídio social. Os alunos religiosos são frequentemente intimidados — seja pelos colegas de classe, seja pelos professores — a esconderem suas opiniões, a fim de que possam sobreviver aos anos de estudo.
 
É suficiente pensar em dois casos particulares que aconteceram no Brasil há algumas semanas para se ter um panorama da situação: a arbitrária retirada de uma imagem de Nossa Senhora do Bom Conselho da Faculdade de Direito do Recife e o aprisionamento das cartilhas "Chaves para bioética", a mando do Ministério Público, na Universidade Estadual do Rio de Janeiro. Embora a academia seja um campo onde deve existir o livre debate e o pluralismo de ideias, a militância dita "progressista" impõe a todo o corpo universitário uma agenda ideológica e sem nenhum compromisso com a verdade. Assim, enquanto as imorais cartilhas de "educação sexual" da Unicef circulam livremente em escolas, colégios e faculdades, o Ministério Público acata o pedido de alguns professores contrários à castidade, recolhendo o material da Fundação Jérôme Lejeune, distribuído na UERJ. Reina, de fato, o que Bento XVI chamou de "ditadura do relativismo". Não existe diálogo, não existe ciência séria. Ao contrário, no mais da vezes, os cursos são verdadeiros laboratórios de doutrinação.
 
No discurso que proferiria à Universidade de Roma La Sapienza, em 2008, Bento XVI faz a seguinte consideração: "Diante duma razão não histórica que procura autoconstruir-se somente numa racionalidade não histórica, a sabedoria da humanidade como tal - a sabedoria das grandes tradições religiosas - deve ser valorizada como realidade que não se pode impunemente lançar para o cesto da história das ideias". Ora, não foi exatamente isso que fizeram o Ministério Público, recolhendo as cartilhas, a Faculdade de Direito do Recife, expurgando uma imagem histórica do prédio da instituição, e meia dúzia de professores e alunos intolerantes, ao impedir a participação do Santo Padre na abertura do ano letivo da Universidade de Roma? Jogaram na lata de lixo da história dois mil anos de sabedoria e progresso, cujo legado abarca inclusive a La Sapienza, fundada ainda no século XIII, pelo Papa Bonifácio VIII.
 
Os chamados padres da Igreja identificaram na filosofia em vigor à época — não nas religiões pagãs e míticas — as sementes do Evangelho, as quais o cristianismo teria a missão de desenvolver posteriormente. Ao início do pensamento cristão, a fé católica aparece como a continuação e o acabamento do pensamento filosófico, não como extensão da religiosidade popular. A famosa conversão de São Justino deve-se justamente a essa importância da razão dentro do cristianismo. No seu Diálogo com Trifão, ele narra como sua peregrinação em busca da verdade levou-o a Deus e à "verdadeira filosofia" [1]. Foi também o itinerário percorrido por muitos outros santos, mas sobretudo por Santo Agostinho. No cristianismo, o santo bispo de Hipona pôde perscrutar as raízes da verdade: "Tarde te amei, ó Beleza tão antiga e tão nova, tarde te amei! Estavas dentro de mim e eu estava fora, e aí te procurava… Estavas comigo e eu não estava contigo" [2].
 
Essa sede de verdade impulsionada pela Igreja e seus pensadores ao longo dos séculos teve papel imprescindível para o surgimento das universidades. O historiador Thomas E. Woods, em seu famoso livro "Como a Igreja Católica construiu a civilização ocidental", desmitifica a ideia de que a Idade Média foi um período de ignorância e superstição. À Igreja, diferentemente do que se costuma ensinar nos cursos de história, coube o papel de salvaguardar e desenvolver o conhecimento da humanidade. Woods comenta [3]:
 
A Universidade foi um fenômeno completamente novo na história da Europa. Nada de parecido existiria na Grécia ou na Roma antigas. A instituição que conhecemos atualmente, com as suas Faculdades, cursos, exames e títulos, assim como a distinção entre estudos secundários e superiores, chegaram-nos diretamente do mundo medieval. A Igreja desenvolveu o sistema universitário porque, com as palavras do historiador Lowrie Daly, era "a única instituição na Europa que manifestava um interesse consistente pela preservação e cultivo do saber".
 
Com efeito, o rótulo de persona non grata imposto ao jovem católico dentro da academia — principalmente quando se manifesta contrário às opiniões dominantes no círculo universitário —, resume-se tão somente a um preconceito tacanho da parte daqueles que desejam colocar a religião entre parêntesis. A contribuição da Igreja Católica à ciência, em que pese as acusações contra a Inquisição e erros pontuais na avaliação de novas descobertas, supera a de qualquer outra instituição. Dão testemunho disso os 48 prêmios Nobel da Pontifícia Academia das Ciências. Entre os nomes notáveis que figuram nessa lista estão o brasileiro Miguel Nicolelis e o inglês Stephen Hawking. Sim, dois ateus. A Igreja, ao contrário dos dogmáticos militantes anticlericais, é capaz de reconhecer os progressos da humanidade, ainda que seus idealizadores não sejam crentes.
 
Bento XVI, ao encontrar-se com os jovens em Madrid, durante a 26ª Jornada Mundial da Juventude, não deixou de animá-los a perseguir o caminho de Cristo, mesmo diante dos desafios:
 
Há muitos que, por causa da sua fé em Cristo, são vítimas de discriminação, que gera o desprezo e a perseguição, aberta ou dissimulada, que sofrem em determinadas regiões e países. Molestam-lhes querendo afastá-los d'Ele, privando-os dos sinais da sua presença na vida pública e silenciando mesmo o seu santo Nome. Mas, eu volto a dizer aos jovens, com todas as forças do meu coração: Que nada e ninguém vos tire a paz; não vos envergonheis do Senhor. Ele fez questão de fazer-se igual a nós e experimentar as nossas angústias para levá-las a Deus, e assim nos salvou.
 
Dentro da universidade, o católico é chamado a dar testemunho da verdade, infundindo, por meio do apostolado pessoal e fecundo, as Palavras do Evangelho entre os demais. É chamado, sobretudo, a contribuir para o progresso e exercício da autêntica ciência: "a busca metódica, em todos os domínios do saber, se for conduzida de modo verdadeiramente científico e segundo as normas da moral, jamais estará em oposição à fé" [4]. Não há por que se envergonhar de Cristo. Estar ao lado de Deus é estar ao lado da verdadeira razão.
 
 
Por Equipe Christo Nihil Praeponere
 

Referências

 


segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Rainha de todos os santos


Nossa Senhora da Imaculada Conceição

Mais do que memória ou festa de um dos santos de Deus, neste dia estamos solenemente comemorando a Imaculada Conceição de Nossa Senhora, a Rainha de todos os santos.

Esta verdade, reconhecida pela Igreja de Cristo, é muito antiga. Muitos padres e doutores da Igreja oriental, ao exaltarem a grandeza de Maria, Mãe de Deus, usavam expressões como: cheia de graça, lírio da inocência, mais pura que os anjos.

A Igreja ocidental, que sempre muito amou a Santíssima Virgem, tinha uma certa dificuldade para a aceitação do mistério da Imaculada Conceição. Em 1304, o Papa Bento XI reuniu na Universidade de Paris uma assembleia dos doutores mais eminentes em Teologia, para terminar as questões de escola sobre a Imaculada Conceição da Virgem. Foi o franciscano João Duns Escoto quem solucionou a dificuldade ao mostrar que era sumamente conveniente que Deus preservasse Maria do pecado original, pois a Santíssima Virgem era destinada a ser mãe do seu Filho. Isso é possível para a Onipotência de Deus, portanto, o Senhor, de fato, a preservou, antecipando-lhe os frutos da redenção de Cristo.

Rapidamente a doutrina da Imaculada Conceição de Maria, no seio de sua mãe Sant’Ana, foi introduzido no calendário romano. A própria Virgem Maria apareceu em 1830 a Santa Catarina Labouré pedindo que se cunhasse uma medalha com a oração: “Ó Maria concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a vós”.

No dia 8 de dezembro de 1854, através da bula Ineffabilis Deus do Papa Pio IX, a Igreja oficialmente reconheceu e declarou solenemente como dogma: “Maria isenta do pecado original”.

A própria Virgem Maria, na sua aparição em Lourdes, em 1858, confirmou a definição dogmática e a fé do povo dizendo para Santa Bernadette e para todos nós: “Eu Sou a Imaculada Conceição”.


Nossa Senhora da Imaculada Conceição, rogai por nós!




terça-feira, 2 de dezembro de 2014

A armadilha da misericórdia




Por meio de jogos de linguagem, o mundo tem pintado a Igreja como intolerante, por não acolher as chamadas “novas famílias”. Só cedendo à sua mentalidade relativista é que os católicos aprenderiam o que é misericórdia. Mas, será que as coisas não estão de cabeça para baixo? Não é estranho que, em um passe de mágica, o mundo pareça mais misericordioso que a Igreja?